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ONU defende jornalismo sem assédio após "chocante" corte de transmissão em Gaza

por Lusa

O porta-voz do secretário-geral da ONU considerou hoje "chocante" a apreensão de uma câmara e equipamento de transmissão da agência norte-americana Associated Press (AP) por parte de Israel e defendeu que os jornalistas possam trabalhar "livres de assédio".

"Vi os relatos na imprensa israelita esta manhã e, francamente, é bastante chocante. Penso que os jornalistas precisam de poder fazer o seu trabalho livremente", disse o porta-voz, Stéphane Dujarric, ao ser questionado sobre a reação de António Guterres à ação de Israel.

"A Associated Press (...) deveria ter permissão para fazer o seu trabalho livremente e livre de qualquer assédio", acrescentou, no seu `briefing` diário à imprensa, em Nova Iorque.

A agência de notícias denunciou hoje que as autoridades israelitas apreenderam uma câmara e equipamento de transmissão a funcionários seus no sul de Israel, acusando a AP de violar a proibição imposta à televisão Al Jazeera.

A AP tem o canal de satélite do Qatar entre os milhares de clientes que recebem transmissões de vídeo em direto da agência.

O Governo israelita ordenou o encerramento dos escritórios da Al Jazeera em Israel em 05 de maio, e proibiu as emissões e a difusão do `site` do canal do Qatar no país, após a aprovação de uma lei que permite proibir a difusão de meios de comunicação social estrangeiros que prejudiquem a segurança do Estado.

A AP "lamenta veementemente as ações do Governo israelita para encerrar a transmissão ao vivo de longa data que mostra Gaza e apreender o equipamento da AP", disse a vice-presidente de comunicações empresariais da agência, Lauren Easton.

O Ministério das Comunicações israelita declarou, num comunicado de imprensa, que "os fotógrafos da AP fotografam regularmente a Faixa de Gaza a partir da varanda de uma casa em Sderot", nos limites do território palestiniano, "incluindo focando as atividades dos soldados [israelitas] e o seu paradeiro".

A censura militar israelita proíbe a publicação de imagens ou informações que possam permitir a localização de soldados ou instalações militares israelitas.

A agência disse que cumpre as regras de censura militar de Israel, que proíbe a transmissão de pormenores como movimentos de tropas que possam pôr em perigo os soldados.

As filmagens em direto mostravam geralmente fumo a elevar-se sobre o território, disse a AP.

"O governo israelita decidiu que não permitirá que o canal Al-Jazeera, que apoia o Hamas terrorista, transmita a partir de Israel", indica ainda o Ministério das Comunicações.

"Apesar dos avisos dos inspetores do Ministério das Comunicações de que estavam a violar a lei e que deviam deixar de alimentar a Al-Jazeera com os seus conteúdos (...), continuaram a fazê-lo", acrescenta o ministério, sobre a AP.

O líder da oposição israelita, Yair Lapid, considerou a medida "um ato de loucura".

"Isto não é a Al-Jazeera. É um canal de notícias americano", disse.

"Este governo age como se tivesse decidido garantir a todo o custo que Israel será evitado em todo o mundo", adiantou Lapid.

A Al Jazeera é um dos poucos canais internacionais de notícias que permaneceu em Gaza durante a guerra, transmitindo cenas de ataques aéreos e hospitais sobrelotados, e acusando Israel de massacres.

A guerra em Gaza começou com um ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Mais de 35.600 palestinianos foram mortos desde então na ofensiva israelita na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que não faz distinção entre civis e combatentes na contagem de vítimas.

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